Renato Paiva, ex-treinador do Botafogo, falou pela primeira vez desde sua saída do clube após a eliminação na Copa do Mundo de Clubes. A derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, que encerrou o sonho alvinegro no torneio, gerou críticas sobre a postura da equipe em campo. Muitos apontaram uma estratégia excessivamente defensiva, o que teria desagradado parte da torcida e da diretoria. Mas, segundo Paiva, essa leitura está equivocada. Ele nega ter orientado o time a recuar e afirma que o adversário foi, simplesmente, melhor no dia.

Renato Paiva rebate críticas: “Nunca orientei o time a defender”

O técnico português iniciou sua entrevista ao jornal O Globo deixando claro que não aceitou passivamente as críticas feitas após o jogo contra o Palmeiras. Segundo ele, o plano de jogo não era se fechar.

“Não há um jogador que diga isso”

Renato foi direto ao ponto ao responder sobre a estratégia:

"Essa história de 'jogar defensivo' apareceu contra o Palmeiras. Muita gente repetiu isso, mas não há um jogador ou dirigente que possa dizer que eu orientei o time para defender."

Ele creditou a derrota ao mérito do adversário:

"Às vezes, como foi naquele dia, o Abel Ferreira foi superior ao Renato Paiva. E, noutra ocasião, o Renato Paiva foi superior ao Luis Enrique (Botafogo 1 x 0 PSG). É disso que o futebol é feito."

A eliminação para o Palmeiras e o fim do ciclo

A derrota por 1 a 0 para o Palmeiras no Lincoln Financial Field, na Filadélfia (EUA), encerrou a participação do Glorioso no Super Mundial de Clubes e também o ciclo de Paiva no comando técnico.

Decisão de Textor

De acordo com o dono da SAF, John Textor, a demissão não se deu apenas por esse jogo. Textor revelou que a decisão foi tomada ao longo de dez partidas, nas quais o técnico teria "quebrado seus princípios" de jogo.

“A gota d’água foi o Palmeiras, mas o copo já estava quase cheio. Não era o Botafogo que acreditávamos. Paiva se afastou de sua filosofia”, comentou um dirigente próximo à SAF.

O plano tático que parou o PSG

Antes da queda diante do Palmeiras, Paiva viveu seu maior momento à frente do Botafogo: a vitória por 1 a 0 sobre o Paris Saint-Germain, de Mbappé, Dembélé e companhia.

Estratégia minuciosa

Paiva compartilhou detalhes do plano que funcionou perfeitamente contra os franceses:

“Proibi meus jogadores de fazer perseguições individuais. Quem fizesse isso, seria substituído na hora.”

Fechando o centro

Segundo o técnico, o segredo para segurar o PSG era neutralizar o jogo pelo meio:

“Fechar o corredor central. O jogo do PSG nasce ali. Quando você fecha o centro, força o time a usar os lados. E, mesmo assim, eles cruzaram 31 vezes — a média deles era 11.”

A tática funcionou, e o Botafogo conquistou uma das maiores vitórias de sua história recente.

Dicas ao Chelsea para enfrentar o PSG

Renato não perdeu a oportunidade de aconselhar o Chelsea, rival do PSG na final do Mundial. Ele sugeriu que os ingleses adotem postura parecida à usada pelo Botafogo.

“Fechem o centro do campo. É ali que tudo acontece no PSG. Os pontas são bons, mas a construção está no meio.”

O maior jogo da carreira? Sim e não

Apesar da importância do confronto com o PSG, Paiva não o considera o melhor de sua carreira.

Peso simbólico

“Foi o maior em termos de repercussão. Campeão da Libertadores contra campeão da Champions. Mas tive jogos no Equador, finais importantes, que foram tecnicamente melhores.”

Ainda assim, o técnico valoriza o feito:

“Saímos do Brasil desacreditados, ouvindo que seríamos goleados. Voltamos com uma vitória histórica.”

Entre o céu e o inferno em poucos dias

A trajetória de Paiva no Mundial ilustra bem o futebol: dias depois de ser exaltado por vencer o PSG, foi criticado por cair diante do Palmeiras. O treinador, no entanto, parece manter os pés no chão:

“Nem sempre se ganha. Nem sempre se perde. Mas, se formos honestos, conseguimos reconhecer quando o outro foi melhor.”

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