A torcida do Botafogo acompanha com o coração na mão uma verdadeira batalha nos bastidores. O que era para ser um casamento feliz entre o clube e a empresa Eagle Football Holdings, de John Textor, se transformou em uma briga judicial e comercial de grandes proporções. A disputa envolve não apenas o clube carioca, mas também o Lyon, da França, e uma série de movimentos complexos que podem definir o futuro da gestão alvinegra.
Parece enredo de filme, mas é a realidade que assusta os torcedores. A briga é tão intensa que já virou notícia em jornais do mundo todo, como o "Marca" e o "Sport" na Espanha, e o "Olé" na Argentina. O que chama a atenção da imprensa internacional é um fato no mínimo curioso: o Botafogo está cobrando uma dívida milionária do Lyon, mesmo os dois clubes sendo do mesmo dono, John Textor. "Surreal!", foi o que publicou o jornal espanhol "Sport".
O Dia D da Crise: 17 de julho e a Guerra de Poder
Para entender toda a confusão, é preciso voltar no tempo, mais precisamente para o dia 17 de julho. Essa data foi um divisor de águas e marcou o início de uma escalada de tensão sem precedentes. De um lado, a Eagle Football tentava tirar Textor do comando do Lyon. Do outro, o próprio empresário americano se mexia para manter o controle do Botafogo.
A tentativa da Eagle e a contra-ofensiva de Textor
O que aconteceu naquele dia? Pela manhã, um e-mail foi enviado a Textor por Christopher Mallon, diretor da Eagle, avisando que era "iminente" a remoção de Textor da gestão do Botafogo. O objetivo, segundo a mensagem, era "salvaguardar os melhores interesses da sociedade".
Mas Textor não ficou parado. Horas depois, ele teve uma reunião crucial com o Conselho de Administração da SAF. Nessa reunião, foi aprovada uma manobra: a venda de um crédito de mais de R$ 950 milhões que o Botafogo teria a receber da Eagle. O comprador? Uma nova empresa do próprio Textor, criada nas Ilhas Cayman. Essa nova empresa pagaria R$ 638 milhões ao Botafogo e ainda emprestaria outros R$ 638 milhões ao clube. A contrapartida? O Botafogo usaria seus próprios ativos, como contratos e receitas, como garantia. Uma jogada de xadrez para manter o controle do clube.
À noite, a briga continuou. Em uma nova reunião, a SAF do Botafogo aumentou seu capital social de R$ 10 mil para R$ 650 milhões. A Eagle, que alega não ter participado da reunião, entende que essa jogada iria diluir sua participação e dar o controle total a Textor. Agora, a empresa tenta na Justiça suspender todas as decisões tomadas naquele dia e impedir que o Botafogo assine contratos com as empresas de Textor.
A Briga das Dívidas: Botafogo cobra milhões do Lyon
Como se a briga por poder não bastasse, o Botafogo resolveu entrar em campo e cobrar uma dívida milionária do Lyon, clube que, em teoria, pertence ao mesmo dono. Em uma carta enviada em 18 de junho, o CEO Thairo Arruda informou ao clube francês que o Botafogo havia emprestado mais de R$ 771 milhões ao Lyon desde 2023. O clube carioca deu um prazo de 30 dias para o dinheiro ser devolvido.
De onde veio essa dívida?
Segundo as informações, esse dinheiro seria referente a prêmios do Botafogo que foram usados para ajudar o Lyon, empréstimos com bancos para ajudar o fluxo de caixa no início do ano e até adiantamentos de vendas de jogadores. É uma situação complicada, porque o Lyon também diz que o Botafogo deve dinheiro a eles, por não ter cumprido acordos no passado. O clube francês alega que a dívida, na verdade, seria de R$ 127,4 milhões.
Além disso, o Botafogo também está cobrando o ressarcimento de R$ 410 milhões por transferências de jogadores como Thiago Almada e Igor Jesus. Uma verdadeira confusão de números e cobranças que tornam a situação ainda mais tensa.
O Plano de John Textor e a Nova Holding
Em meio a toda essa crise, o jornalista André Rizek revelou bastidores que podem apontar para o futuro do Botafogo. Segundo ele, John Textor esteve com Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest, da Inglaterra. A proximidade dos dois é "brutal", e o plano de Textor seria criar uma nova holding. O Botafogo, para ele, nunca deveria ser um clube isolado, mas sim parte de um grupo maior, uma holding de clubes. E essa nova empresa poderia envolver o próprio Marinakis.
Rizek também levantou uma questão jurídica muito importante. O Botafogo, para se defender, contratou o mesmo escritório de advocacia que conseguiu tirar a 777 Partners do controle do Vasco. A leitura que o jornalista faz é que o Botafogo estaria enviando um recado claro à Eagle: "olhem o que aconteceu com a 777. Eu posso fazer o mesmo e tirar vocês do comando".
O contrato da SAF do Botafogo tem uma cláusula que exige a aprovação do clube social para qualquer mudança de comando. Mesmo com apenas 10% da SAF, o clube social tem poder de veto. Isso pode ser a grande carta na manga do Botafogo nessa guerra. A mensagem seria: "não é melhor chegarmos a um acordo?"
Qual será o futuro do Botafogo?
Ninguém sabe o que vai acontecer. A situação é cheia de variáveis, com questões econômicas, jurídicas e políticas em jogo. O que é certo, segundo Rizek, é que a Ares (empresa que tem parte na Eagle) não vai desistir facilmente, e John Textor, com o apoio do clube social, também não. A briga e as negociações vão continuar.
O torcedor do Botafogo, que viu seu time ir do céu ao inferno no último Campeonato Brasileiro, agora precisa lidar com uma nova e perigosa batalha fora de campo. O resultado dessa guerra pode mudar para sempre o futuro da Estrela Solitária.
A situação é extremamente complexa. De um lado, a Eagle contesta a diluição de suas ações e a transferência de ativos para a nova empresa de Textor. Do outro, o Botafogo, com o apoio do clube social e do seu dono, parece pronto para usar todas as suas armas jurídicas. Os próximos capítulos prometem ser tão emocionantes (e preocupantes) quanto um jogo decisivo.
Este enredo, com todos os seus detalhes de bastidores, mostra que a vida de uma SAF no Brasil não é nada fácil. A história do Botafogo serve de alerta para o futebol brasileiro: a transição para o modelo de empresa traz dinheiro, mas também pode trazer problemas complexos e disputas de poder que vão muito além do campo.
A única certeza é que o Botafogo está no meio de uma tempestade e o desfecho ainda é imprevisível. Resta saber quem sairá vitorioso: Textor, a Eagle, ou o próprio clube, que luta para garantir sua segurança e seu futuro.
Acompanhe todos os desdobramentos dessa história em nosso site e saiba em primeira mão o que acontece nos bastidores dessa guerra pelo poder.
Botafogo Hoje: cobertura completa das notícias
Se você quer ficar por dentro de tudo sobre o Botafogo, o site Botafogo Hoje acompanha de perto todas as negociações, os bastidores do clube, dicas, notícias e as opiniões. Além disso, nos perfis @thiagobotafogo e @sigabotafogohoje no Instagram, é possível ver análises e bastidores exclusivos!
