O Botafogo tem gerado grandes movimentações dentro e fora dos gramados. Entre mudanças, elogios e críticas, o time segue sendo protagonista no futebol carioca. Confira abaixo as 7 notícias mais impactantes que marcaram este sábado, trazendo desde novidades no departamento técnico até críticas pela performance da equipe.
1. Rodrigo Bellão é o Novo Técnico do Sub-17
O Botafogo anunciou nesta sexta-feira, através de uma postagem de Rodrigo Bellão nas redes sociais, a contratação do novo técnico da categoria Sub-17. Bellão chega ao Glorioso após uma passagem pelo Athletico-PR, onde foi demitido no final de 2024. O ex-treinador de base de clubes como Portuguesa, Corinthians e Red Bull Bragantino assume o cargo com grande entusiasmo. "Muito feliz em poder vestir a camisa do Glorioso!", escreveu Bellão em sua conta no Instagram. Ele será responsável por comandar a base que tem se destacado nos últimos anos, com o objetivo de fortalecer a geração futura do Botafogo.
2. Gramado de Moça Bonita em Debate: Falhas são Apontadas

Foto: Divulgação
Após a vitória do Botafogo contra o Nova Iguaçu pelo Campeonato Carioca, o estádio de Moça Bonita, casa do Bangu, recebeu críticas pela qualidade de seu gramado. O delegado da partida, Marcos Vinícius Trindade, relatou diversas falhas no campo, incluindo um desnível no piso que poderia prejudicar o desempenho dos jogadores. No entanto, o delegado considerou "boa" a estética do gramado e "OK" a marcação das linhas. O Botafogo, insatisfeito, cogitou solicitar a interdição do estádio. O Bangu, por sua vez, se defendeu, destacando que o campo passou por reformas e foi aprovado pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj).
3. Departamento de Fisioterapia do Botafogo Recebe Homenagem do Crefito-2
O trabalho da equipe de fisioterapia do Botafogo foi reconhecido oficialmente pelo Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2ª Região (Crefito-2). O Coordenador de Fisioterapia Fabio Azevedo e seus colegas foram homenageados pelas contribuições essenciais às grandes conquistas do Glorioso em 2024, como a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro. A equipe desempenha um papel crucial na recuperação e preparação física dos jogadores, sendo fundamental para os títulos recentes do Botafogo. Fabio Azevedo expressou sua honra pela homenagem e destacou a importância da fisioterapia no alto desempenho dos atletas.
É motivo de muito orgulho e nos sentimos honrados em receber esta homenagem do nosso Conselho de Fisioterapia em virtude dos títulos da Libertadores e Brasileiro, além de exaltar o excelente trabalho desenvolvido dentro do nosso Botafogo. Esta homenagem mostra o importante papel da fisioterapia na equipe transdisciplinar do Clube. Lembrando que o resultado positivo é de todos e somos apenas uma peça nessa enorme engrenagem.
4. Botafogo Vence Nova Iguaçu com Dificuldades no Campo
Apesar das dificuldades, o Glorioso conseguiu vencer o Nova Iguaçu por 1 a 0 no jogo realizado nesta quinta-feira (6), em Moça Bonita. O técnico Carlos Leiria elogiou a evolução defensiva da equipe, mas destacou as dificuldades impostas pelo gramado ruim do estádio. Mesmo com o resultado positivo, a atuação do time não agradou a todos, e o treinador reconheceu que o desempenho ainda precisa de ajustes para que a equipe consiga alcançar o melhor rendimento.
Primeiramente, enaltecer a vitória, a entrada no G4 de forma definitiva. Espero que agora a gente consiga disputar, manter e, quem sabe, disputar o primeiro lugar nesse turno. Com relação ao que nós preparamos para o jogo, tínhamos alguns cenários que havíamos preparado para ter uma melhor qualidade de jogo, para melhorar desempenho ofensivo, para fazer alguns ajustes na marcação. O que que saiu positivo? O Nova Iguaçu teve muita dificuldade em quebrar nossa pressão. Nós conseguimos, tanto quando avançamos a marcação, quando tivemos que controlar mais o nosso bloco, conseguimos ter êxito e não permitindo que o Nova Iguaçu avançasse. Praticamente não tivemos nenhum risco defensivo. Isso foi uma questão muito trabalhada após a última partida.
Entra a questão do gramado, em que fomos muito prejudicados, porque tínhamos algumas estruturas, modificando um pouco a base de saída, reajustando um pouquinho o posicionamento do Marlon e do Gregore na saída de jogo. Mas isso aí fica muito difícil pela qualidade do gramado. Acaba se tornando um jogo mais de contato físico, um jogo mais de duelo. Infelizmente, através desses duelos, tivemos algumas baixa. Tivemos que alterar um pouco o cenário já no primeiro tempo com algumas trocas. Mas o que vale mesmo é enaltecer essa vitória. É um jogo muito competitivo. O time buscou até o final, lutou até o final e também enaltecer esses jogadores jovens que estão entrando e têm conseguido nos dar um retorno bem positivo.
5. Botafogo e a Crítica à Atuação no Início de 2025
Embora o Botafogo tenha conquistado a vitória contra o Nova Iguaçu, a atuação da equipe gerou críticas por parte de comentaristas esportivos. O comentarista Eric Faria destacou que o time ainda sente o impacto das saídas de jogadores importantes e que a escalação com força máxima, mesmo com jogadores lesionados, foi equivocada. A equipe enfrentou lesões de Bastos, Artur e Serafim, e Vitinho atuou no sacrifício. A crítica gira em torno da falta de entrosamento e ajustes no elenco, que ainda tenta se encontrar no início da temporada.
O Botafogo perdeu dois jogadores muito importantes para qualquer time. Perdeu um campeão do mundo com a Argentina, que era o Almada, e o Luiz Henrique, que foi o melhor jogador de tudo. Melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Melhor jogador da Libertadores. Ganhou o prêmio do “El País”. O cara do ano no Brasil em 2024 foi o Luiz Henrique. Você perde esses dois jogadores, ainda com a questão do técnico, não tem jeito. Qualquer time sente.
Ainda mais num campeonato em que o Botafogo, pragmaticamente, diz que não tem valor. Não é esse Carioca. Desde que o Botafogo virou SAF, o Botafogo disputa o Campeonato Carioca porque tem que disputar, porque é uma obrigação do clube. Mas, claramente, o Botafogo, sob o comando do Textor, olha para Campeonato Carioca como se fosse uma pré-temporada. O Botafogo, como clube, como SAF, tem esse norte. O Campeonato Carioca, para a gente, é isso. Diferentemente do Flamengo ano passado, do Vasco, do Fluminense, que vem para o Campeonato Carioca para preparar o time, mas para performar também, para ganhar o título. O Botafogo, não.
6. João Moreira Salles Reflete Sobre o Ano Histórico do Botafogo
O documentarista e torcedor botafoguense João Moreira Salles escreveu um texto na "Revista Piauí" sobre o ano vitorioso de 2024 para o Botafogo. No artigo, intitulado "Nós, tão iguais e agora tão diferentes", Salles reflete sobre a transformação do torcedor alvinegro após as conquistas da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. O texto traz relatos emocionantes de diversos jogos e destaca a mudança no caráter da torcida, que agora vive um momento histórico no clube. A edição de fevereiro da revista já está disponível nas bancas e também pode ser lida digitalmente.
Leia abaixo alguns trechos:
Conquista da Libertadores
– Mesmo quem, como eu, nunca leu Anna Karenina sabe como o livro começa: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.” Desde 30 de novembro de 2024, tenho pensado muito nisso. O que a frase sugere – que a felicidade é mais banal do que a infelicidade, que a alegria é sempre igual a si própria – não me parece certo. Quando, ao cair da tarde portenha daquele último dia de novembro, olhei à minha volta e vi pessoas que choravam, que riam, rezavam, dançavam, cantavam, se beijavam ou que, aturdidas, ficavam em silêncio; e mais tarde, ao saber dos que passaram mal, dos que desmaiaram e voltaram a si sem acreditar no que acontecia – Botafogo, campeão da Libertadores da América –, naquele momento tive a certeza de que a alegria não é uma coisa só, mas muitas, talvez tantas quantos forem os botafoguenses neste mundo.
– Para entender como chegamos àquela explosão em Buenos Aires, é preciso saber de onde viemos. O botafoguense – não todos, porém muitos – era um tipo já meio desistido de si. De si, frise-se, não do clube, que a torcida nunca faltou ao Botafogo, nem sequer nos tempos espinhosos. Achávamos que as conquistas viriam, mas não para nós. Era coisa para os outros, botafoguenses do futuro.
2023
– Veio então 2023, o ano da nossa glória e da nossa infâmia. Comandado por Castro, aquele grupo de jogadores sem pompa e circunstância foi vencendo, vencendo e vencendo, e nós, os torcedores, fomos subindo, subindo e subindo. À medida que ofuscávamos elencos bem mais badalados, íamos experimentando algo novo. Para os que não viveram os anos de ouro do Botafogo, a época de Garrincha, Didi e Nilton Santos, ou a década de 1960 de Gérson, Jairzinho e Paulo Cézar, e mesmo para os muito jovens, que não comemoraram o título de 1995, era a estranha sensação de vertigem de quem agora via o mundo a partir das nuvens.
– O deslumbre durou seis meses. Muita tinta ainda será derramada na tentativa de explicar as razões da nossa derrocada. No meio do ano, Luís Castro nos deixou para buscar a sua independência financeira na Arábia Saudita; o Botafogo testou quatro treinadores, e três deles – os últimos três – não encaixaram; o nosso melhor jogador se contundiu, passou alguns meses fora e não voltou igual; sofremos uma virada desmoralizante do Palmeiras em casa, quando, líderes da competição, vencíamos por 3 a 0. São explicações factuais. Existe outra mais dolorosa: o time se acovardou. A um passo da glória, não conseguiu sustentar a tensão e ruiu. E nós? Nós ruímos junto. Despencamos de uma altura que começávamos a conhecer e nos arrebentamos no chão.
Clima em Buenos Aires
– Nos dias que antecederam a final, Buenos Aires parecia uma sucursal de General Severiano, a sede do Botafogo. Para onde se olhasse, se via um botafoguense. Na véspera da partida, fui com um amigo a Puerto Madero e tivemos dificuldade para atravessar a massa compacta que vestia a nossa camisa. Havia gente de toda parte do Brasil e do mundo. Tinham chegado de avião, de ônibus, de carro, de bicicleta. Um torcedor veio de moto – desde Manaus. Outro, morador de Jardim, município do Ceará, anunciava feliz que acabara de encomendar um busto de John Textor para instalar em casa. Não me lembro de encontrar na vida tantas pessoas tão esperançosas.
– O jogo estava marcado para as cinco da tarde. Meu filho, meu sobrinho, meus amigos e eu chegamos ao estádio por volta das três e meia. O Monumental de Nuñez é, de fato, monumental. Pouco a pouco, aquela imensidão foi sendo preenchida e, meia hora antes do início da partida, o nosso lado lotou. Eram 40 mil botafoguenses à espera do que nenhum ali tinha vivido.
– Além dos vivos, vieram também os mortos, botafoguenses que partiram antes de ver o time ser campeão da América. Familiares e colegas traziam seus rostos e nomes estampados em cartazes ou em camisetas: um pai, uma mãe, uma avó, um irmão, uma amiga, um filho.
A final da Libertadores
– Estávamos assim, comovidos e cheios de esperança, quando a bola rolou. Dali a 29 segundos ela voltou a parar e o mundo virou de ponta-cabeça. A bola veio à meia altura, Gregore levantou a perna, o atleticano Fausto Vera baixou a cabeça e houve o choque feio – as travas da chuteira de um acertaram o rosto do outro. Vera caiu, sangrando. Os jogadores do Atlético cercaram o árbitro, que foi até Vera, constatou o estrago e sacou o cartão vermelho. Gregore estava expulso antes de a partida completar 1 minuto.
– Alguma variação do que pensei naquele instante passou pela mente de cada botafoguense que assistia à partida. “Foi para isso que vim para cá? A gente nunca vai chegar lá.” “Que time trágico, o Botafogo”, soltei em voz alta, mais para mim do que para os outros. Nossa torcida, bem maior que a do Galo, se calou. As pessoas evitavam se olhar, cada um de nós fechado no próprio pesadelo. (Ao menos nos estádios, a festa é coletiva e o velório, solitário.)
– Das arquibancadas, uma coisa foi ficando clara: apesar de termos perdido o nosso mais importante jogador de contenção, Artur Jorge não fazia gestos de quem estava prestes a mexer no time. Continuávamos em campo com quatro atacantes, dois deles bem baixinhos, quase franzinos, em nada preparados para refrear um ataque adversário, que dirá para controlar Hulk, um dos atacantes mais letais do futebol brasileiro. Dele vieram logo dois rojões certeiros. John agarrou os dois, mas, ao menos pelo que eu podia deduzir do lugar onde me sentara, o cenário não era se a bola entraria, e sim quando.
– Foi então que alguns observadores mais astutos repararam em algo estranho. Logo após a expulsão de Gregore, o Atlético passara a atacar supondo que o Botafogo iria apenas se defender. Era uma inversão da estratégia com que haviam entrado em campo. Em menos de 30 segundos, eles se viram no papel do Botafogo, um time ofensivo, e nos atribuíram o papel do Atlético. Acontece que Artur Jorge não aceitou essa permuta. Seguiu jogando como Botafogo. Assim, eram dois Botafogos em campo, e nós sabíamos ser Botafogo melhor do que eles.
– Aos poucos, o time foi tomando nova forma. Quem ocupava o meio recuou para a área. Quem estava na ponta recuou para a lateral. Tratava-se de uma mudança sem alteração, como se Artur Jorge invertesse a máxima do personagem de Lampedusa: para que as coisas mudassem no Monumental, era preciso que tudo permanecesse igual. Ou por outra: igual nos personagens, diferente na função que exerceriam. Como vários analistas comentaram depois da partida, o Atlético não criava pelo meio. O perigo vinha das pontas. Se a área estivesse protegida o bastante – como explicaria Artur Jorge, “se lhes [a eles, os quatro atacantes] pudéssemos pôr algum comprometimento defensivo” –, não seria necessário trazer um defensor para frear um inexistente progresso do Galo pelo centro. Bem melhor seria manter os quatro jogadores de frente e assim nos preservar da possibilidade de um contra-ataque letal.
– Era arriscadíssimo. Se desse errado, Artur Jorge passaria para a história do Botafogo como o técnico que, na hora mais grave do clube, preferiu ser original a fazer o recomendado. Nesse sentido, o ápice da carreira de Artur Jorge foi a decisão que ele não tomou. Não consigo pensar num único técnico brasileiro que, no minuto seguinte à expulsão, não tivesse imediatamente sacado um atacante para substituí-lo por um defensor, na esperança de segurar o empate. Danilo Barbosa voltou para o banco, sinal de que o nosso homem chegou a considerar a hipótese que estava no manual, mas, em seguida, a abandonou.
– Por que Artur Jorge assumiu esse risco? É possível que guardasse na memória uma partida ocorrida quatro meses antes. O Botafogo decidia a vaga das oitavas da Copa do Brasil contra o Bahia, em Salvador. Pela primeira vez, entrávamos em campo com a linha ofensiva ideal – Almada, Savarino, Luiz Henrique e Igor Jesus, os quatro que jogariam em Buenos Aires. No primeiro tempo, Gregore foi expulso e Artur Jorge fez o óbvio: trocou Almada por Danilo Barbosa. O Bahia pressionou, nós não resistimos e fomos desclassificados. Romário insiste que, ao contrário do que se diz por aí, derrotas não ensinam nada. Aqui está uma exceção.
– Passados 15 minutos, a torcida percebeu que o time recuperara a confiança e voltou a cantar. Existe um vídeo que circulou muito nas semanas após a partida e que está para o botafoguense assim como Cidadão Kane está para o cinéfilo. Filmado das arquibancadas por um torcedor, mostra uma sequência de 45 segundos e dez passes que mais lembra um bailado. Almada, o primeiro bailarino, está no centro da dança. É para os seus pés que a bola sempre retorna depois de passar pelos pés de Marlon Freitas, Luiz Henrique e Barboza (duas vezes). O que deslumbra é a posição de Barboza, e também a de Adryelson: os últimos homens da retaguarda botafoguense estão à frente da linha que divide o gramado, o que significa que, com exceção do goleiro, todos os integrantes de um time que joga com menos um estão no campo do adversário. A ousadia disso é de tirar o fôlego. Só por causa dela fizemos o nosso primeiro gol, o derradeiro movimento da coreografia: de Almada para Luiz Henrique, deste para Marlon, que chuta, a bola é rebatida e Luiz Henrique marca.
– Tinha mais. Seis minutos depois, Luiz Henrique sofre um pênalti. O lateral Alex Telles põe a bola na marca, toma distância, fixa a bola, solta o ar, corre e, na corrida, levanta os olhos: goleiro na direita, bola no canto esquerdo, fulminante. Um amigo de Belo Horizonte me escreveria: “Todos terão, nas lembranças da final da Libertadores, a recordação de um instante decisivo. Para mim foi a batida de pênalti do Alex Telles. Confiante, certeiro, resoluto, inapelável. Parecia estar mandando para as redes, além da bola, todos os nossos fantasmas. Eu poderia viver para sempre naquele momento.”
– Quisera aquele momento se eternizasse, mas não: o primeiro minuto do segundo tempo foi tão atroz quanto o primeiro da etapa inicial. Hulk cobrou um escanteio e o chileno Vargas, que acabara de entrar, marcou de cabeça. Era tudo o que não podia acontecer. Os mineiros agora teriam 45 minutos para vencer a partida ou no mínimo empatá-la, levando-a para a prorrogação e nos derrotando pela exaustão. “Isso muda tudo”, disse um comentarista da espn.
– Voltei a pensar: “Que time trágico, o Botafogo.” Fatigado, me larguei na cadeira e pus o rosto entre as mãos. E assim fui ficando, eu e muitos outros torcedores. Um deles passou o segundo tempo prostrado no chão, olhos fixos numa imagem de Jesus (o Nazareno, não Igor) estampada no celular. Há trinta anos, mesmo nos piores momentos, a torcida do Botafogo vinha sendo mais corajosa do que o time. Não arredava pé. Aquele foi o dia em que o time precisou ser mais corajoso do que nós.
– No vestiário, antes de a partida começar, Marlon tinha dito: “Vão ter que falar de mim. Vão ter que falar de nós. Vão ter que lembrar. Eu vou fazer história nessa porra, velho. Nós fomos chamados pra fazer história.” Abraçado aos colegas, Júnior Santos acrescentou: “Cada um aqui sonhou com isso quando a gente era guri e jogava nos campinhos de terra. Vamos lembrar o que dá esperança, e o que dá esperança é saber que a gente veio de baixo, da favela, dos campinhos de terra.” Eles tinham mais razão do que nós para estar confiantes.
– Revi a partida várias vezes e acho que o Botafogo foi mais heroico no segundo tempo do que no primeiro. O técnico Gabriel Milito se deu conta do que devia fazer, mexeu no time no intervalo e o Atlético passou a nos dominar. Só aí Artur Jorge fez substituições. Tivemos que nos defender já exauridos. O segundo tempo foi a nossa Stalingrado, nós no papel dos soviéticos. No estádio eu não vi, mas a cidadela quase caiu quatro vezes, aos 7, aos 20, aos 40 e aos 42 minutos. Em duas delas, o atacante Vargas entrou sozinho na nossa área e, inacreditavelmente, concluiu para fora. Faz mal até olhar o videoteipe.
– Alguém na minha frente gritou: “Sete minutos de acréscimo.” Continuei sentado e olhando para o chão. O cara ia avisando: “Faltam seis.” “Cinco.” “Quatro.” Quando ele chegou a um, me levantei. John batia um tiro de meta. A bola atravessou a linha do meio-campo e caiu lá do outro lado, onde Júnior Santos, que entrara no lugar de Luiz Henrique, a disputou com dois defensores. A bola correu para o corner do Atlético. Júnior Santos chegou antes e pôs o seu corpo entre a bola e os dois marcadores. Estavam assim, os três imprensados num canto morto do campo, de frente para as placas de publicidade e de costas para o mundo, quando Júnior Santos tirou um coelho de uma cartola inexistente. Sem se virar, intuindo a posição dos dois adversários que não via, deu uma puxeta na bola e a fez passar entre eles. Quase instantaneamente, fez o corrupio, se esgueirou pelo espaço praticamente nulo por onde a bola passara, e agora disparava em direção ao gol do Atlético enquanto seus dois marcadores ainda se viravam. Viu Matheus Martins que vinha correndo, passou a bola, o goleiro pulou, Matheus preparou o chute, o zagueiro meteu o pé, a bola bateu nele, tudo muito rápido, era o caos, um zagueiro desabando sobre o próprio goleiro, uma bola pipocando diante do gol, um atleticano vindo isolá-la e um Júnior Santos mais caído do que em pé, às sete da noite e no sétimo minuto de um acréscimo de 7 minutos, ele, Júnior Santos, que marcara o primeiro gol da nossa campanha na Libertadores e voltava de uma fratura na tíbia, marcava agora também o último, o gol do título, no derradeiro minuto da partida mais importante da história de todos nós.
– Nas horas após o apito final, me senti tão abençoado que, se alguém tivesse pedido, tenho certeza de que poderia sair pelas ruas de Buenos Aires curando os enfermos e multiplicando os pães. “A partir de hoje todo botafoguense mora em 30 de novembro. Não é mais uma data – é uma casa”, resumiu o jornalista Gustavo Poli na noite da nossa conquista. Estávamos instalados lá e, fossem outras as circunstâncias, de lá não sairíamos. Acontece que ainda faltavam duas rodadas para fechar o Campeonato Brasileiro. Seis pontos em disputa e nós com três de vantagem sobre o Palmeiras.
7. Fúria Jovem Exige Ação Rápida para o Botafogo
A Fúria Jovem, uma das principais torcidas organizadas do Botafogo, emitiu um comunicado oficial cobrando uma ação mais rápida do clube na contratação de um novo técnico. O Botafogo vem sendo comandado por Carlos Leiria de forma interina desde a saída de Artur Jorge para o Al-Rayyan. A torcida expressou sua insatisfação com a situação atual e pediu mais agilidade na definição do novo comandante, destacando que o planejamento para a temporada precisa ser mais eficiente. Além disso, o Botafogo iniciou o ano com a derrota na Supercopa do Brasil para o Flamengo, o que gerou ainda mais pressão sobre o clube.
A Fúria Jovem do Botafogo vem a público expressar sua insatisfação com o momento atual do clube. A falta de definição sobre o elenco e, principalmente, a incerteza em relação ao comando técnico nos preocupam profundamente e geram dúvidas sobre o rumo do Botafogo nesta temporada.
Entendemos que um clube da grandeza do Botafogo precisa de planejamento, organização e uma direção clara para alcançar seus objetivos. No entanto, apesar das dificuldades, seguimos firmes no nosso compromisso inabalável de apoiar o Glorioso. Nosso amor pelo Botafogo é incondicional, e estaremos sempre presentes para cobrar, incentivar e lutar pelo melhor para o clube.
Reiteramos que apoiamos a cúpula de futebol da SAF e somos eternamente gratos pelo ano mágico que vivemos em 2024. Porém, esperamos que a diretoria aja o mais rápido possível na procura por um técnico que esteja a altura do Botafogo e que os desafios iniciais da temporada sejam encarados com maior seriedade e profissionalismo.
