O futebol brasileiro é conhecido por sua paixão, mas também por lances que geram debates acalorados. Na última quarta-feira (24/09), o jogo entre Grêmio e Botafogo foi palco de mais uma dessas polêmicas, que deixou a torcida do Glorioso revoltada. No empate de 1 a 1, uma decisão de pênalti, marcada após a intervenção do VAR, se tornou o centro das atenções.
Mas o que torna esse lance tão diferente? A resposta pode estar na imagem que o registrou. Uma câmera, apelidada de “câmera inglesa”, que foi movida de lugar no mesmo dia do jogo, capturou o momento crucial que levou à marcação do pênalti contra o Botafogo. Essa situação levantou uma série de questionamentos e reacendeu a discussão sobre a atuação da arbitragem e o uso da tecnologia no esporte.
O que se seguiu foi uma onda de críticas, de comentaristas esportivos a técnicos de outros times, que questionaram a decisão e a falta de critérios claros. Vamos mergulhar nos detalhes dessa história e entender o que está por trás da polêmica que tomou conta das manchetes.
A Câmera Inglesa: Uma Mudança Inusitada
O repórter Marco Aurélio Souza, do Grupo RBS, trouxe à tona uma informação surpreendente. A câmera que registrou o lance do pênalti, conhecida como "câmera inglesa" por sua posição elevada atrás do gol, teve seu local alterado pelo Grêmio no dia da partida. Essa mudança era um pedido antigo da diretoria do clube, que desejava uma visão melhor para as transmissões de TV, mostrando um setor do estádio que costuma encher mais rápido.
Essa solicitação foi atendida pela nova administração da Arena, em um movimento que acabou se tornando decisivo para o jogo. A imagem capturada por essa câmera recém-instalada foi a única que, na visão do VAR, permitiu a marcação do pênalti.
O jornalista resumiu a situação de forma irônica: “O gol foi da nova administração da Arena, o gol foi do Volpi, o gol foi do Grêmio. Mas graças à câmera inglesa, que agora tem novo lugar na Arena.” A coincidência levantou suspeitas e serviu de combustível para a fúria dos torcedores alvinegros.
O Debate da Mão na Bola: Onde Está a Clareza?
O lance em si é o grande ponto de discórdia. A bola, após um chute, teria tocado na mão de Matheus Martins, do Botafogo. No entanto, as imagens disponíveis não são claras o suficiente para muitos especialistas. No programa “Seleção SporTV”, apresentador e comentaristas expressaram suas dúvidas.
André Rizek, apresentador do programa, admitiu sua dificuldade em ver o toque. “Eu estou com uma dificuldade de achar esse pênalti... Estou precisando procurar um oftalmo, não consigo ter essa certeza,” disse ele. Renata Mendonça, outra comentarista, questionou a natureza da jogada. “Para mim, não tem condição de ser pênalti. Só se você cortar o braço. Se cortar, aí beleza, não tem condição. Sinceramente... O que você faz com a mão?”
Apesar de Eric Faria e Ramon Motta, outros comentaristas, afirmarem que a bola tocou na mão do jogador e mudou de direção, eles também levantaram a questão principal: a interpretação da regra. Eric Faria perguntou: “Isso deve ser marcado pênalti? Mesmo batendo na mão do atleta?” Ramon Motta criticou a falta de um critério único no futebol brasileiro, que leva a decisões inconsistentes.
O debate não é apenas sobre se a bola tocou ou não. É sobre a intenção do jogador e se o movimento do braço foi natural. Para muitos, a imagem que o VAR considerou conclusiva, na verdade, não era. Essa ambiguidade é um dos principais problemas que o futebol enfrenta com o uso da tecnologia.
A Voz do Treinador: Rogério Ceni se Manifesta
A polêmica do pênalti contra o Botafogo ressoou por todo o Brasil, chegando até mesmo a outros treinadores. Rogério Ceni, técnico do Bahia, se manifestou sobre o assunto em uma entrevista após o jogo de seu time. Ele usou o lance do Botafogo para criticar a atuação do VAR e a falta de um padrão nas decisões da arbitragem.
“Eu vi agora a imagem do lance do jogo do Grêmio com o Botafogo, o pênalti que foi dado, é impressionante. Assim, não há um critério, não há um padrão, e aí você define o jogo”, disse Ceni. Ele ainda fez uma crítica ácida à tecnologia, afirmando que o “cara no ar-condicionado, ele dá a direção que ele quer no jogo”. A fala de Ceni reforça a sensação de que as decisões não são tomadas de forma uniforme, o que prejudica a credibilidade da arbitragem.
A Reação do Botafogo: Em Busca de Respostas
O Botafogo, por sua vez, não ficou inerte. O clube decidiu tomar uma atitude formal para protestar contra a decisão. De acordo com o site GE, a diretoria alvinegra vai enviar um ofício à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para reclamar da atuação do árbitro Lucas Paulo Torezin e do VAR Ilbert Estevam da Silva.
O principal ponto de insatisfação do clube é a ausência de uma imagem conclusiva que justificasse a marcação do pênalti. O árbitro de campo não deu o lance, mas foi chamado pelo VAR para rever a jogada, e a decisão foi alterada.
Além do ofício, o Botafogo também vai se encontrar com a CBF em uma reunião semanal para discutir o tema. A iniciativa do clube mostra que a insatisfação com a arbitragem no Brasil continua alta e que o Glorioso não aceitará passivamente uma decisão que considera injusta. A busca por clareza e por critérios mais justos é um pedido não apenas do Botafogo, mas de todo o futebol brasileiro.
