O futebol brasileiro é movido por paixão, mas também por negócios. E poucos personagens representam essa mistura tão bem quanto John Textor, o empresário americano que comanda a SAF do Botafogo. Desde que chegou ao clube, Textor tem feito movimentos ousados, tanto em contratações quanto em vendas, o que gera muita discussão e curiosidade entre os torcedores.
Recentemente, a venda de jogadores como o goleiro John para o Nottingham Forest, na Inglaterra, reacendeu o debate sobre a estratégia do clube. Muitos torcedores se perguntam: por que vender atletas importantes em momentos-chave da temporada?
Em uma entrevista após a eliminação para o Vasco na Copa do Brasil, Textor explicou sua filosofia. Ele revelou que sua meta é transformar o Botafogo em um "clube de mão dupla", onde os jogadores não apenas sonham em vencer títulos, mas também em realizar o sonho de jogar nas grandes ligas da Europa.
Essa visão, que ele descreveu como uma "colaboração" entre os clubes de sua holding, a Eagle Football, é o coração do projeto. O objetivo é criar um ciclo virtuoso: ao ajudar jogadores a alcançarem seus sonhos, o Botafogo se torna um destino ainda mais atraente para novos talentos. Para Textor, essa é uma maneira de fortalecer o clube a longo prazo.
John Textor e a Estratégia de Vendas: Mais do que Negócios, é Confiança
A decisão de vender jogadores importantes nem sempre é popular. Para os torcedores, a saída de um atleta que se destacou e se tornou ídolo pode ser dolorosa. Mas, na visão de John Textor, essa é uma parte fundamental da estratégia.
O empresário entende a paixão dos torcedores, mas destaca a importância de cuidar dos jogadores. Ele acredita que, ao ajudar um atleta a realizar o sonho de jogar na Europa, o clube cria uma reputação de "cuidar de seus jogadores". Isso, segundo ele, faz com que outros cinco atletas queiram vir para o Botafogo. É uma troca.
Para Textor, a saída de jogadores como John, Jair, Igor Jesus e Cuiabano (que foi e voltou por empréstimo) faz parte de um plano maior. Ele vê essas saídas como oportunidades para os atletas, pessoas que "estavam prontas para sair, que queriam sair, que merecem sair".
Esse modelo de "clube de mão dupla" é um contraste com o que acontece em muitos clubes da América do Sul, que, segundo Textor, são "clubes de mão única", focados apenas em contratar. O Botafogo, com a Eagle Football, tenta reverter o fluxo, trazendo talentos da Europa e, ao mesmo tempo, exportando jogadores de destaque. A ideia é ser um elo entre o Brasil e as maiores ligas do mundo.
Parceria com Marinakis e a Colaboração Estratégica
A relação entre John Textor e Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest, tem sido pauta de muitas discussões. A contratação de quatro jogadores do Botafogo pelo clube inglês em um curto espaço de tempo gerou rumores sobre uma parceria ainda mais forte. Textor confirmou que existe uma "ótima colaboração" com Marinakis, mas fez questão de destacar que essa parceria é estratégica e de longo prazo.
Ele explicou que Marinakis é um dos donos de clubes europeus mais ativos no Brasil e que a relação é de respeito mútuo. Textor reforçou que, embora a imprensa e os torcedores esperem respostas rápidas, essas negociações e estratégias levam tempo, meses de discussão. A Eagle Football continua aberta a parcerias com outros donos de clubes, pois acredita no talento do futebol brasileiro.
Fim da Briga na Eagle Football e o Foco no Campeonato Brasileiro
Além das questões sobre o elenco e as parcerias, John Textor também se pronunciou sobre a briga judicial com os acionistas da Eagle Football. Ele confirmou que a disputa "acabou" e que as partes estão alinhadas. Segundo Textor, o foco agora é no futebol e em terminar a temporada "o mais forte possível".
Essa declaração trouxe um alívio para os torcedores, que acompanharam as notícias sobre o imbróglio judicial. A resolução do conflito permite que a direção do clube se concentre totalmente no que acontece dentro de campo, sem distrações.
A Autocrítica de Textor: "Falhamos, mas ainda temos o Brasileirão"
A eliminação da Copa do Brasil foi um duro golpe para o Botafogo e sua torcida. Após o jogo, John Textor mostrou uma rara autocrítica. Ele admitiu que o clube "falhou nos nossos principais objetivos de títulos de copas". Ele também mencionou ter uma "lista de 20 coisas que eu fiz errado, que nós fizemos errado".
No entanto, o empresário americano evitou detalhar os erros, preferindo focar na competição que resta para o clube em 2025: o Campeonato Brasileiro. Ele ressaltou a importância de ir "jogo a jogo" e de "transformar esse lugar num lugar de festa de novo".
Apesar da decepção, Textor demonstrou confiança no elenco e no trabalho do técnico, e se disse "orgulhoso de que tenhamos a expectativa de vencer tudo".
Apesar da postura otimista de Textor, alguns comentaristas e jornalistas têm uma visão diferente sobre o planejamento do clube em 2025. Paulo Vinicius Coelho, por exemplo, criticou a falta de planejamento e a instabilidade no comando técnico. Ele questionou o chamado "Botafogo Way", dizendo que a estratégia de não ter um técnico no início da temporada e depois contratar um que ficou apenas 23 jogos é "uma piada".
De forma semelhante, Rodrigo Coutinho argumentou que o sucesso de 2024 não significa que o planejamento estava correto. Ele destacou que o Botafogo teve sorte e que um clube que investe milhões não pode contar com o "aleatório". A falta de uma base sólida e a constante troca de treinadores e jogadores no meio da temporada, segundo Coutinho, não é a forma correta de fazer futebol.
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